Corpalma

Corpalma

Anelê Volpe, 2025

Se é a alma o que importa, por que você passa a vida inteira se preocupando com o corpo?

Para sobreviver, para estancar dores, prevenir tumores, conquistar amores, saciar fomes e desejos, seja o que for, é no corpo que você pensa o tempo todo.

Mas é sobre o espírito e o interior que fala quando não quer parecer fútil.

O fato é que corpo e alma – pelo menos nessa dimensão aqui – andam juntos e indissociáveis.

Corpo sem alma não tem valor; alma sem corpo é inalcançável e pouco útil por aqui.

Seu corpo chega antes de você; ele é você antes que você possa mostrar a que veio. Sua alma só se mostra depois, se o corpo lhe der chance. É o corpo que abre caminho para a alma. Se o corpo precisa de alma para existir, a alma também depende do corpo para se mostrar.

Se sua alma adoece, seu corpo padece. E vice-versa.

O tempo age contra seu corpo e você é criticado se lutar contra o tempo. Nessa hora, o que importa é seu interior, sua alma. Mas se sua alma for permissiva demais, é seu corpo que paga o preço, é ele que vai importar e você também será criticado.

Enfim, corpo e alma são partes antagônicas de um mesmo ser: você. Dificilmente ambos estarão em equilíbrio perfeito. 

No fim, corpo sem alma, alma sem corpo, é o corpo que é chorado, que fica nas fotos e nas memórias. E é quando seu corpo se mostra mais fiel; sem alma, deixa de existir. Já a alma, essa segue à procura de um novo corpo novo.